Megalofobia

No quarto ao fundo estava o motivo da reunião
Bem lá parado,estagnado, um vistoso caixão

Cadáver do pai,do marido,do filho!
Neste natal,não houve nem sequer um sorriso .
Era ele o pai da minha amada, um homem conciso .
A família estava afogada em lagrimas e eu a rir por dentro
Era um tanto melodramático o espetáculo, em que o cadáver se tornou o centro
O ditador em que tratava a esposa como objeto
Sempre rude,sempre silencioso,sempre inquieto .
As pessoas o idolatravam, mas eu o odiava.
Minha amada chorava ,
Confesso que certa dor me atormentava .
Era eu o culpado de tal sofrimento,
Quem fez do natal um show de horrores...
O culpado de tantas dores...
Aquele presente, aquele corpo inerte, foi a recompensa
Me vinguei de tanta ofensa ...
Estava eu parado, diante do cadáver em que tirei a vida.
Eu era o assassino de meu sogro, a missão foi cumprida .
Um natal sem vida... sem presente !
Manchado pela loucura de um escritor doente .
Felizes são os que sentem a dor de amar...
Pois a mim o que resta é odiar
Espero ansiosamente o dia chegar.
O dia em que meu cadáver se tornará o centro. 

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