Megalofobia

Confissoes de um poeta - Livro -





Confissões de um poeta morto

Prefácio

O que vale um homem no fim da vida? Irei morrer. As paginas dessa historia sangrenta escrevi. Conto detalhadamente cada pesadelo que vivi, não procuro adentrar os portões do paraíso, pois não sou digno. Viver nada mais é que passar o tempo da melhor forma e quando a areia da ampulheta acaba,morremos . O fim é a única certeza que temos, maldição nascer? Muitos dizem ser sorte, mas estamos aqui feito ratos de laboratório. Sofri grandes dores por conta do amor, viver é uma boa experiência mas não desejo fazer parte desse teatro. Não sei interpretar um papel e acabo me tornando invisível aos olhos de todos. Este livro conta mais do que historias... Reais ou não? De que importa?  Hoje estou morto, espero que os que estão a ler estas palavras consigam de algum modo compreender os dizeres. 


Capitulo 1- Infância Macabra

“ Já nascemos mortos e ficamos confusos na infância, somos anjos sem saber o destino e o motivo de estarmos na terra “
          
 __Senhor Padre,tenho muito a confessar. O que tenho a lhe dizer são contos malditos de minha vida, estou moribundo nesta cama a morrer com este câncer em meu peito. Sei que Deus não terá pena desta alma que se sujou com a nódoa negra do pecado, fui incesto, fui amante, fui assassino. Nunca na tua historia de padre tu há de ouvir historias tão pecaminosas e trágicas quanto as minhas. Devia ter repulsa em se aproximar deste verme que aqui vos fala, e em dar-me a extrema unção, pois creio que pra deus isso há de ser uma infâmia de tua parte ou um pecado de certo.

__ Contai-me  o que te aflige, Deus há de perdoar e enfim poderá descansar em seu sono eterno.

__ Contarei tudo e sei que olharás de forma a enxergar a Besta fera em sua frente. Começarei a dizer-te ... Na mesa de bilhar despi meu bolso. Os últimos trocados que  restavam perdi no jogo, no álcool e nos braços das mulheres da noite. Participei de orgias infindáveis e profanei das virgens mais puras que o mundo pôde ter. Tive amores eternos que não duraram sequer uma semana, participei de brigas de duelos,matei e quase morri. Já pensei em suicídio mas a vida ainda reserva mais tragédias, devo ter filhos espalhados em cada canto do mundo e neste momento a que vos falo deve de ter alguma mulher a chorar , de saudades, de amor, ou de ódio ao pensar nos atos que cometi. Alguém à ler uma poesia que escrevi na juventude, algum homem a desejar minha morte...

Enfim, Vivi ! Fui herói por muitas vezes, fui vilão na maioria,  perdi a alma no lodo imundo do pecado e hoje rogo a Deus por perdão, mesmo sabendo que nem a virgem Maria perdoaria por tanto. Meu corpo já não vale muito, a face se encontra descorada pelas lagrimas, dentes corroídos pelo tabaco, corpo pútrido pelo álcool e cãs brancas pelo tempo. Estou Velho !  As memórias não me falham ... Malditas sejam as memórias ! Quero-as longe de meus pensamentos, não falham nunca e trazem lembranças horríveis de morte, de dor.

Como sou Sujo !  Tornei-me um velho moribundo. Neste leito de morte escrevo as ultimas historias e poemas amaldiçoados, contanto os fatos que vivenciei. O inferno é pouco perante todos os pecados cometidos, mereço o pior dos castigos, pois sou um verme imundo.

Minha Infância foi dramática, vivi feito um cão abandonado a vagar pelas ruas, a revirar lixeiras, buscando matar a fome. Tendo sido abusado por bêbedos e espancado por infames. Minha Família me abandonara quando fiz 4 anos, desde então cai no pântano podre que se chama MUNDO. Tive de viver entre a vida e a morte, entre um bar e um beco, entre brigas e tudo o que há de mais imundo. Não sei dizer o motivo do abandono, acho que desde criança meus pais viram que me tornaria um cão sarnento, colocado na rua junto aos irmãos pulguentos. Lembro do primeiro pecado como se fosse ontem,a primeira infâmia que cometi! Contarei essa podridão de minha alma :

“ Beirava meus 10 anos de idade quando a primeira perversidade cometi, foi o cartão de visitas ao inferno que se tornou minha mente. Passava fome, passava frio, o mundo parecia mais perigoso que uma selva, havia a todo momento leões dispostos a devorar meu corpo e serpentes loucas para me ver contorcendo envenenado. Já não tinha esperanças de um dia mudar de vida, sabia que morrer cedo seria um destino exato.

Certo dia um homem alto e de boa aparência aproximou-se e fez-me uma proposta digna de apedrejamento, era suja demais para uma criança de apenas 10 anos. Disse :

 __ Olá garoto , a tempo observo-te ! Estás magro feito uma múmia. Tens fome?

 Respondi com voz fina e fraca :
 __  Tenho tanta fome que seria capaz de devorar um cadáver !

 O homem sorrindo de escárnio e como se tivesse planos maquiavélicos respondeu :
 __ E teria coragem de matar para sair dessa vida?

 __ Teria coragem de vender-me ao diabo se fosse preciso !

 __  Pois venda-te à mim em troca de um favor, custará sua alma.

 Assustado respondi:
 __  Tu és o Diabo?

 __ Talvez seja, de que isso importa? Farás o favor ou não? –respondeu esbravejando-

 __ Farei ! -respondi enfático –

 __ Que bom. Aguarde o meu retorno, direi o que quero. Enquanto o tempo passa vai-te pensando no que queres, pois darei a vida que sonhares ter !

O Homem então foi embora, óbvio que não acreditei nele. Aprendi na vida que nada é de graça. Peço um pão para sanar a fome e muitas vezes recebo pontapés e xingamentos, até aparecer uma alma caridosa e enfim dar-me algo para comer. Ninguém nunca apareceu assim oferecendo a vida que sonho ter em troca de um simples favor. E se ele fosse realmente o diabo? Valeria a pena colocar a alma a perder em troca de uma vida boa na terra e o sofrimento eterno no inferno ? Era um preço alto à pagar, mas um dia iria acabar perdendo-a de outra maneira, então pelo sim ou pelo não se fosse mesmo o Diabo , aceitaria a oferta de bom grado.

Passaram-se alguns dias, diante de tanta fome acabei por esquecer-me dessa promessa e já nem tinha esperanças deste homem voltar. Tinha mais com o que preocupar e o inverno havia chegado, precisava de um lugar quente para ficar ou então iria acabar morrendo de hipotermia dormindo na rua. Bati de porta em porta esperando uma alma caridosa  acolher-me, entretanto não obtive sucesso. De uma coisa nessa vida tenho certeza, o ser humano é egoísta  e poucos são merecedores do paraíso. Uma criança desabrigada a morrer de frio e fome, bate desesperada nas portas à pedir ajuda e ninguém se dispõe a ajudá-la. Humanidade podre ! Nunca fui de desistir, meus lábios já estavam arroxeados e os dentes a tiritar de frio, meus pés descalços de tanta dor pareciam ter congelado e o sangue por hora já havia se coagulado, a pneumonia invadira meu peito, estava a morrer... e o frio a matar-me. Caí na porta de uma casa sem forças pra continuar, ninguém me acolhera. Ali mesmo seria meu calvário, minha tez empalideceu ainda mais, minhas vistas fizeram-se fracas, tudo apagou então.

  __ Morri? És Deus ou o diabo?

  __ Calma garoto, estais vivo. Te encontrei desmaiado em minha porta, abri-a e quase cai de susto ao ver-te ali feito um cadáver espichado no chão.

  __ Obrigado senhor. Salvaste minha vida. Diga ... como posso te agradecer?

  __ Prometa lealdade e que vais ajudar-me em meu oficio...

  __ Prometo Lealdade e ser teu escravo se preciso !

  __ Escravo não garoto, darei uns trocados se ajudar na padaria . Este é meu oficio, sou padeiro .

  __ Não fale em pão, pois estou a dois dias sem comer.

  O homem assustado com o que foi dito, gritou rapidamente como de súbito :

  __ Estela ! Estela ! Traga comida para o garoto ! Anda mulher, ele tem fome .

  A mulher rapidamente ajuntou uma variedade de pães e doces, encheu uma tigela com sopa quente, uma caneca com leite, amontoou tudo na bandeja e levou-a até o recinto.

__ Coma, estais fraco. Precisa fortalecer-se para ajudar na padaria, o alimento não é de primeira mas é de bom grado !

__ Bondosa senhora, alimento-me muitas vezes de restos, este há de ser a melhor ceia de minha maldita vida, obrigado.

  Dos olhos da mulher verteram lágrimas ao ouvir aquelas palavras. Senti que ela estava quase que a desabar de pena e pude ouvir o coração dela gemer de tanta dor. Ela respondeu num pranto de tristeza : 

 __ Oh garoto que a vida maltratou. És tão jovem e ao mesmo tempo tão maduro, talvez sejas um anjo que deus nos enviou, cuidaremos de ti até poder caminhar com tuas próprias pernas, é uma promessa que faço !

Não pude acreditar, ganhei um lar um emprego, era tudo que precisava. Passei então a ter esperanças de um dia tudo dar certo e limpei o lodo do passado que a tempo sujou minha alma . O homem que me acolheu disse :

 __ Agora é meu filho, tens de ter um novo nome, nem diga qual é seu nome, passará a se chamar daqui pra frente Onório ! Agora que já comerdes e sua fome está morta, aconselho que tenha um bom sonho, precisa sanar a pneumonia. Não quer morrer jovem certo?

__ Claro que não, quero viver muito. Mas antes diga teu nome...

__ Pedro ! Agora durma.

O velho então apagou a luz do lampião e o que se via era a perfeita escuridão da noite, meu estomago já não resmungava mais, meu corpo aquecido por cobertores de lã, deitado em uma cama macia ao contrario do chão duro ao qual eu dormia, senti pela primeira vez humano. Dormi em sono profundo, mas tive pesadelos macabros e indescritíveis,raramente tive o privilégio de sonhar, tanto dormir quanto acordar era um inferno. Mas diferentemente dos dias normais, desta vez tinha esperanças. A noite foi tranquila, dormi feito um rei em meu leito de glória. Ao acordar tudo parecia belo, os pássaros a cantar as melodias mais simplórias que se pode ouvir, o sol a enfeitar de ouro a manhã e a pintar de laranja as nuvens do céu, meu primeiro dia feliz ! Uma mesa farta de comida a minha espera, fui muito bem recebido, como nunca imaginei ser um dia.
   O tempo passou, já estava a trabalhar a algum tempo na padaria, não era o garoto magricela e pálido como antes, agora meu rosto estava corado e vivido, meus olhos emitiam luz divina, minhas bochechas rosadas e fofas e minha mente pura, sem malicias. Em uma certa noite, voltei para casa após um dia de serviço, o senhor Pedro havia deixado de ir na padaria este dia e deixou por minha conta e de Estela o comando. Estava a voltar pra casa, quando um certo homem me parou e disse :
 __ Lembra-te de mim? Eu lhe disse que retornaria...
 __ Saia daqui Diabo,não preciso mais de ti. Quando sofri com a fome e em meu leito de morte você não foi me ajudar, agora que estou a esbanjar vida e saúde vem-te a mim querer tomar.
 __ Tens certeza ? Quer que eu vá?
 __ Não... fique !
 __  A gula é o que move a humanidade,quanto mais tem, mais quer... não é mesmo ?
 __ Diga-me, o que tenho que fazer ?
 __  Tome este punhal, naquele beco escuro tem uma prostituta e um homem pecando sobre o luar. Vá até lá e mate-os. Em troca te cobrirei de ouro, serás tão rico que até um Faraó sentirá inveja de tua riqueza. Tome, vá até lá, mate-os e traga-me a cabeça dos dois.
  Fiquei imóvel por um tempo,mas a oferta era grande demais, meus olhos brilhavam só de pensar em como seria rico, já estava a sonhar com as mulheres e com tudo o que há de melhor, tomei das mãos do homem o punhal que mais parecia uma espada de tão grande e afiado, cego corri até o beco. Gritos apavorantes dele saíram, cravei o punhal no peito do homem, logo após no da mulher, o sangue jorrou em meu rosto puro e infantil , em alguns segundos a vida daqueles corpos deixou, estavam os dois a estrebuchar desnudos, ensopados de sangue naquele beco repleto de ratos. Meu corpo estava lavado de tinta vermelha coagulada, e meus olhos obcecados de ambição. Degolei os dois cadáveres, arranquei ambas cabeças, levei-as ao Diabo. Ele acendera o lampião, meu corpo se estremeceu ,minhas pernas bambas não podiam se sustentar por si mesmas, um suor frio correu em meu rosto, um vulto de medo tomou conta do meu espírito pecaminoso.  O diabo então me disse :
 __ Agora perdeste tua alma ! Em troca te darei ouro, serás rico moço ! Gostaste da surpresa?
  Eu não conseguia dizer sequer uma palavra, aquelas cabeças que estavam em minhas mãos diziam tudo, eu era um infame, um sujo, matei quem me acolheu com bondade. Duas cabeças a luz do lampião,dois mortos Pedro o padeira e a mulher, Estela! “



Capitulo 2 – Quando a chama do amor incendeia


__ Que triste História me contais ! Deus há de te perdoar por este pecado. Tu era uma criança ingênua que com veneno da ambição se envenenou. Aquilo não foi sua culpa, vivestes as mais tristes agonias, passou fome e sofreu feito um cão .
__ Quem sabe ele me perdoe por este pecado. Mas e os outros? Foram tantas mortes e tantas tragédias, talvez ninguém pecou mais do que eu na terra. Sou o humano mais monstruoso que aqui pisou, pior que Hitler e Nero juntos. Devo de ser a reencarnação de Satanás ou talvez seja Jesus revivendo todos os martírios. Sei que não irei pro paraíso, mas ao menos quero receber a estrema unção, estou beirando a morte e  minha vida está por um fio. O cancer tomou conta de meu corpo, assim como o pecado apodreceu a alma ! De que vale ter tido amores, mulheres, me entorpecido no vinho,viajado por vários países, de que valeu tudo isso? Hoje estou a definhar nessa cama corroendo por dentro ,apodrecendo feito um cadáver no sepulcro ! Não tenho amigos, não tenho esposa e nem sequer conheço meus filhos. Sou um lobo solitário que procura a morte na fria névoa da vida.
__ És apenas uma ovelha perdida do rebanho de deus ! Está procurando a redenção,deus é bondoso e teus pecados não devem ser tão graves...
__ Contarei então mais uma pagina negra de minha vida...

“ Após o fato ocorrido com Estela e Pedro, o meu espírito se tornou vazio. Não tinha sentimentos, tudo se congelou por dentro e nada despertava felicidade. Enriqueci-me facilmente assim como o Diabo prometera. Primeiro herdei a padaria, depois compraram ela a preço de diamantes, minha riqueza aumentava a cada dia, parecia mágica !  Já estava com penugem na face, quase um homem feito. 17 anos de desgraça e já havia vivido mais do que um velho de 70 . Morando em uma mansão luxuosa,trajando roupas elegantes,eu estava rico, podre de rico ! Não sabia como gastar todo aquele dinheiro. Minha casa vivia repleta de mulheres, prostitutas, bebida não faltava. Eu as contemplava nuas, admirava a beleza da mulher. Todas aquelas formas esculturais exalavam poesia ao vento,me tornei poeta mas nunca senti o amor queimar meu peito.
   Foi naquela noite no baile de 15 anos da filha do Embaixador Augusto Fontes,homem extremamente rico e de poderes, que vi a mais linda mulher adentrar o salão, dançando uma valsa feito uma anja a se divertir por entre as nuvens. Dona de uma pele clara a ponto de doer os olhos a quem vê, trajava um  vestido longo repleto de perolas, as mãos da moça eu não pude observar, pois estavam encobertas por uma luva branca de seda, cabelos longos cor de mel contrastavam com a negritude daqueles olhos que me fizeram estremecer dos pés a cabeça quando fitaram os meus. Meu coração batia de modo a querer perfurar o peito e cair na bandeja de  prata do garçom que estava na minha frente :
 __ Jovem, estais a morrer? –perguntou o garçom-
 __ Estou a ter um infarto ! –respondi dramaticamente-
 __ És jovem demais para tanto. Deseja algo?
 __ Sim. Desejo aquela Dama que está a dançar, e desejo também que saia da minha frente.
__ Desculpe senhor.
 O garçom se retirou envergonhado, fiquei a contemplar aquele Anjo que estava a dançar. Nunca fui capaz de sentir tanto amor e tanto desejo, tanta dor , tanto fogo a atear no peito! Tanto calor a queimar de anseio, queria tocar, ouvir a voz ressoar em meu ouvido. Queria poder beijar e sentir o macio daqueles lábios frios! Todos do salão começaram a dançar.  Aproximei da Dama, convidei-a para uma dança, ela aceitou .
  Senti estar flutuando por entre as nuvens,o arfar da moça era quente e perfumado. Tê-la por foi o melhor dos presentes! A garota disparava  sorrisos aos convidados e me atirou olhares. Resolvi então o silencio quebrar e tentei dizer algumas palavras :
 __ Desculpe-me pela tremedeira de meu corpo . Não sei dizer-te o porque, mas sinto que a cada segundo ao teu lado vou morrer !
__ Que é ? Danço mal? 
__ Dança melhor que qualquer outra deste salão ! Não é esse o problema...
__ Diga então... está a me assustar.
__ O problema é que estou a te amar !
  Soltei as mãos da moça, meu coração sentiu um punhal adentrando e perfurando de modo a querer minha morte, punhal cujo nome se denomina amor. Não devia ter entregado tão cedo e dito a ela aquelas palavras. Mas aqueles dizeres estavam a sufocar-me e um nó em minha garganta feito uma corda de um suicida parecia me enfocar, tive que dizer e arriscar.  Minha face se corou de vermelho, sai daquele salão aos prantos ,chorando. Sentei na calçada cabisbaixo xinguei-me de demente, de tolo e de tudo quanto é palavrão. Irritei-me comigo mesmo por ter dito aquilo para a garota, talvez nunca mais iria vê-la e de fato ela iria pensar que sou um idiota por ter dito aquilo. Foi ai que ouvi uma melodia adocicar meus ouvidos :
__ Não disse o seu nome ! – a aniversariante falou-
__ Onorio ! e o teu ?
__ Bruna...
__ Me desculpe Bruna.... Eu não devia ter  dito aquilo,mas meus lábios não conseguem desejar outra coisa a não ser os seus lábios. É uma vontade incontrolável de dizer que te amo, de te beijar...
 __ Então também lhe devo desculpas Onorio,pois também sinto o mesmo .
Gelei ao ouvir estas palavras,meu coração parou por 1 segundo de bater. Não pude acreditar que aquele Anjo estava a me amar e a querer um beijo meu,era muita sorte para um desgraçado que sempre se deu mal na vida. Tinha certeza de ter encontrado a minha alma gêmea !  Aproximei vagarosamente  ,cada passo me fazia tremer as pernas foram longos passos até estar de frente à ela,passei minhas mãos naquele cabelo castanho,longo,como brilhava aqueles cabelos diante da luz do luar, e como eram vibrantes aqueles olhos negros, aquele rosto perfeito e macio , beijei-a e meu corpo parecia estar em outro mundo eu e ela nos tornamos um só e a partir daquele momento eu percebi que já tinha me entregado a aquele amor e que ela também estava sentindo o mesmo.
    Depois daquela noite veio a segunda,a terceira, e quantas mais... nem consigo contar quantas noites maravilhosas com ela tive. Todas as escondidas, pois seu pai não sabia de nosso namoro. Foi ai, que a perfeição se desfez,naquela noite fria e mórbida,Bruna estava chorando, encostada numa arvore, sentada num campo gramado do parque central, me aproximei, sentei-me ao lado dela e disse:
 __ As lagrimas molham sua face,sua alma geme de dor,posso ouvir. Sinto o seu pranto em meu peito... me diga, qual é o problema ?
__ Estou grávida Onório, quando meu pai descobrir ele vai nos matar. Por favor não me abandone,fuja comigo, fuja pra longe e vamos viver uma vida juntos,ou então fique comigo e morra junto de mim,pois é o que vai acontecer se ficarmos aqui.
     Ao ouvir isso,e ao vê-la naquele estado. Acovardei-me, eu era jovem demais para ser pai,era jovem demais para morrer . O que eu devia de fazer? Não havia escolha a não ser fugir. Abandonei o meu amor, não levei ela comigo, porque o velho poderia vir me procurar, era um homem de posses,de poder , um dia ele iria nos encontrar e nos matar. Passei uma noite com Bruna, era a ultima... mas ela não sabia disso, ela pensava que iríamos fugir e que tudo iria ficar bem. Deixei uma carta pra ela de despedida, dizendo sobre minha covardia em abandoná-la com um filho  no ventre, disse o quanto eu a amava e que lamento muito por ter destruído a vida dela.
     Muito tempo se passou, eu já estava com meus 21 anos, vivia a vida de taberna em taberna chorando as magoas do passado em um copo de Rum, e lembrando as manchas sangrentas no vermelho do vinho. Bebidas,mulheres,tabaco,brigas,tudo de ruim se passou durante esses 4 anos sem Bruna, nada me fazia esquecer e nada tirava de mim o ódio que eu tinha do ser covarde que me tornei. Eu estava em uma taberna,sentado em uma mesa num canto escuro, um cigarro queimando no cinzeiro e um copo de vinho do lado, o garrafão no chão perto de meus pés,meio garrafão já havia decido pela minha garganta. Um senhor se aproximou de mim, parou bem na minha frente e disse:
  __ Não pude deixar de ver a tristeza em teus olhos avermelhados pelo álcool . Há de ser um homem de boas historias e um bom companheiro de bebida, posso me sentar junto a ti?
 __ O que queres? Não tens dinheiro para beber e quer tomar de meu vinho?
 __ Não tenho amigos para beber,mas tenho dinheiro para pagar o teu vinho... posso me sentar ou não?
__ Sente-se então...
  O senhor se sentou, tirou da maleta uma garrafa de whisky, e começou a beber. Disse-me:
__ Olha jovem rapaz, me parece estar triste... mas saibas que não és mais triste do que este velho que aqui vos fala .
__ Não tenho tristeza, eu tenho ódio .
__ Odiastes a quem?
__ Eu odeio o meu reflexo,eu odeio o meu passado,o meu futuro, o meu presente.
__ Te contarei uma historia... acho que  vai se interessar em sabê-la .
     O velho então começou a me contar a historia dele e eu não estava nem um pouco interessado em ouvi-la, mas ele parecia ser um tanto solitário . Fiz-me de prestativo e me coloquei a escutar a historia   . Ele então começou a dizer :
   “ Eu tinha uma esposa, um filho e uma filha . Tinha uma vida feliz, tinha dinheiro e tudo o que há de melhor que um homem pode desejar. Até que um dia encontrei minha esposa com outro homem, matei ela, matei o amante. Destruí minha família,joguei meu filho na rua, e cuidei de minha filha pois ela ainda era nova . O tempo se passou e aquela mancha do passado já estava se apagando de minha vida, eu estava retornando a uma vida normal. Até que um dia minha filha me disse que estava grávida, o meu bem mais precioso havia sido vitima de um monstro, que abandonou-a grávida. Era uma flor, jovem com seus 15 anos ...
  __ Senhor, perdão... perdão... eu não queria... –respondi amedrontado ao ver que o velho era o Embaixador Augusto Fontes -
  __ Cale-se , escute-me seu verme. Estou a sua procura a anos, para contar a você esta historia, e vai me escutar. Sente-se ai e escute-me .  – o velho dirigiu-se a mim com ódio e continuou –
“ Minha filha se afogou em lagrimas o crápula abandonou-a grávida, a depressão tomou conta dela. Um dia abro a porta do quarto de minha filha, e encontro os lençóis manchados de sangue,um pulso aberto por um corte de navalha, um rosto empalidecido pela morte. Minha filha havia se matado e junto dela morreu todas as minhas esperanças de vida . Procurei por anos o desgraçado que destruiu a vida de minha filha, em cada canto procurei uma pista, descobri muitas coisas a respeito dele. E agora estou de frente com ele pronto para me vingar e tirar de dentro de meu peito todo o rancor “
   Quando ouvi aquelas palavras fiquei imóvel,minha vontade era de sair correndo mas minhas pernas pareciam estar amarradas na cadeira, eu estava com medo, o velho ia me matar... e eu não poderia fazer nada a não ser me defender. Tirei de dentro do paletó um punhal e ali mesmo dentro da taberna ataquei o velho, caímos no chão feito dois loucos, um de nós iria sair sem vida , era matar ou morrer. O punhal escapou de minhas mãos, o velho estava a me estrangular, meus olhos pareciam querer saltitar do meu rosto, o ar me faltava, as mãos dele apertavam meu pescoço e a única coisa que eu conseguia enxergar eram aqueles olhos do velho, olhos de ódio de raiva , a morte estava por vir ... Como que por um milagre consegui pegar o meu punhal, cravei o punhal bem no peito do velho, furei uma vez,duas, ele caiu ... o sangue escorreu junto ao vinho do meu garrafão que havia entornado, o velho babava sem parar e me disse :
  __ Aproxime-se , aproxime-se . tenho que lhe dizer o fim da historia ... não posso morrer sem antes desgraçar a tua vida com estas palavras .
 Aproximei e o velho me disse :
 __  Tu é o filho que joguei na rua, engravidaste tua própria irmã! e acabara de matar o teu próprio pai . Seu nome não é Onorio, se chama André, foi assim que te registrei em cartório. Tu és um desgraçado amaldiçoado, adeus... que sofras na terra meu filho maldito,pensou que eu ia te matar? Eu só queria lhe dizer isso, não tinha intenção de te matar,só queria me vingar tirando o rancor dessas palavras do meu peito,mas pensastes que eu iria lhe matar, então...
         As palavras do meu pai terminaram por aqui,ele havia morrido. O remorso de ter matado meu próprio pai foi a vingança perfeita que ele poderia me dar, pior que minha morte, pior do que tudo.Quando ouvi essas palavras me senti a pessoa mais suja do mundo, fiquei a lembrar das noites que passei com Bruna, a minha própria irmã e eu não sabia. Fiquei a olhar aquele cadáver ensangüentado, matei o meu próprio pai, engravidei minha irmã e fiz ela se apaixonar por mim, fiz ela se matar por mim. Eu desgracei minha família, nem mesmo uma prostituta cometeu pecado maior que o meu, nem mesmo o pior de todos os assassinos do mundo, ninguém...ninguém cometeu tal atrocidade eu era mesmo um monstro.”


Capitulo 3 – ópio , decadência, loucura e sedução



 __Foi assim que me senti e é assim que me sinto até hoje. Olho-me no espelho e vejo meu rosto envelhecido,cheio de rugas, meus dentes podres,meu hálito fede a tabaco e a álcool. Eu sou podre por dentro, eu fui podre no passado, e sou podre por fora. Acho que nem o demônio me aceitaria no inferno, ele sentiria nojo de mim . Nem os ratos me querem, é assim que me sinto, fico me lembrando de como usei da minha própria irmã, como amei ela, como ela me amou. Fico imaginando como ela se matou, sinto o cheiro do sangue dela escorrer, revivo essa cena em minha cabeça a mais de 30 anos, hoje tenho 56 . Sou um verme, meu primeiro amor foi minha própria irmã.
__ É muita desgraça para um homem só. És amaldiçoado, talvez o pacto que fizeste com Lúcifer no passado foi um acordo para que ele veja sua vida se desgraçar, foi uma maldição que ele jogou em você. E ele se diverte vendo seu sofrimento ,foi ele que colocou todas essas peças em tua vida. O melhor que você há de fazer é se redimir a deus, mesmo sendo talvez descrente do poder divino por ter se sentido abandonado por deus.
__ Sim, eu me sinto abandonado por deus . Como irei pensar em deus depois de tanta tragédia?  Nunca senti ele ao meu lado, fui trocado pelo deus diabo. Ao invés de me ver milagres, me veio maldições... quem sabe na morte eu saiba o verdadeiro significado de deus e seus milagres.
__ Se tens fé... um dia vai descobrir tudo que deseja encontrar.
__ Vejo a minha frente um abismo de memórias. E foram tantas historias amaldiçoadas, foram tantos amores. Sofri tanto com a dor da morte e com a dor do amor , que pra mim os dois são a mesma coisa, vou prosseguir essa historia de minha vida. Quero que saibas cada detalhe, vou lhe dizer o que aconteceu depois dessa tragédia... e como toquei minha vida dali para frente ...
“ Não fazia mais sentido acordar e muito menos permanecer lúcido. Tudo que eu queria era desaparecer, morrer . Estava vivendo pelos becos escuros, em tabernas, eu mais parecia um mendigo . Barbudo, vestindo trapos, sujo feito um rato de esgoto. Fétido, ninguém se aproximava de mim, e eu nem ligava. Vivia bebendo e dormindo na rua. Eu tinha dinheiro, muito dinheiro, mas todo esse dinheiro foi se acabando com o tempo. Bebi toda minha riqueza eu era uma coruja que dormia pela manhã e despertava a noite, um morcego a procura de sangue quente para aquecer meu peito frio . Perdi quase tudo no jogo,nas bebidas e nos lençóis de belas mulheres da noite, a palavra lucidez não fazia parte do meu dicionário, meu mundo era imaginário pois tudo que eu repudiava era a minha realidade, não queria abrir os olhos e viver aquela vida maldita . Eu queria viver sendo aquele bêbado inútil que só estava a espera da morte . Depois da morte de Bruna e do meu pai, eu cheguei a conclusão de que a vida é uma perfeita desgraça e que não fazia sentido nenhum permanecer vivo, pois todo mundo um dia irá morrer. Pra que então eu iria viver? Não fazia sentido me enganar, achar que um dia eu seria feliz e que tudo enfim daria certo pra mim. As  coisas iam de mau a pior, eu estava sem dinheiro para sustentar os meus vícios, eu precisava ficar bêbado, cada vez mais bêbado pra esquecer de tudo. Precisava de ante-depressivos alternativos, mulheres,bebidas,brigas e jogo . Estas eram as alternativas que eu tinha para encontrar o meu refúgio .
     Em certa manhã acordei angustiado,eu parecia estar submerso a me afogar e acordar foi meu alivio . Respirava ofegante,meu coração palpitava de uma intensidade que não havia como calcular, chegava a querer saltar pela boca. Sentia o suor frio escorrer pelo meu rosto,aquela madrugada foi de fato tenebrosa. Parecia tão real, o que me lembro é que acordei assustado e com um medo sem limites. Se foi sonho não sei... se foi o ópio não sei... se foi loucura também não posso lhes dizer, o que sei é que foi de fato excitante e obscuro. Lembro que eu estava Caminhando sobre cadáveres,tropeçando em lapides,estava ébrio como fui  parar naquele cemitério é um mistério, algo parecia me puxar para aquele lugar. Me recordo que eu estava na taberna a brindar o meu fracasso,a me embebedar no vinho tinto e me perder nas fumaças de meu cigarro, eu me lembro de tudo,até perder a consciência. O que me vem na mente é a imagem de caminhar pisando na grama molhada de orvalho, eu pude ver uma sombra , eu estava ébrio, mas pude ver. Eram duas mulheres,mulheres estas que meus olhos nunca foram capaz de contemplar, uma beleza mórbida , dois corpos nitidamente brancos e sem vida, Anjas do céu ou demônios do inferno em forma humana. Me aproximei, estavam repousadas sobre um tumulo seres envolventes de fato, ambas tinham trajes parecidos, irei descrever o impossível pois não tem como descrever por completo a beleza em palavras que aqueles dois anjos tinham, uma delas trajava um vestido longo e negro,seus pés nus e brancos pareciam não correr sequer uma gota de sangue, seios fartos, cabelos castanhos quase que loiros, os lábios arroxeados contrastavam com a palidez daquele rosto que mais parecia morto, o corpo era um convite ao deleite, tinha formas esculturais,cada curva, cada detalhe moldado por deus,nenhuma obra de Michelangelo conseguia ter formas como as daquela dama que ali se repousara . A outra dama trajava um vestido vermelho acetinado e curto, deixava a mostra as pernas desnudas , cabelos  flamejantes de um vermelho sangrento, tinha formas de dar inveja a Afrodite,lábios vermelhos pintados a batom,olhos fundos e arroxeados como os lábios da dama ao lado.Os seios estavam a mostra,nus feito uma criança que acabara de nascer, o desejo estava a despertar em mim numa avidez incontrolável, aqueles dois anjos a repousar eu queria desfrutar prazeres insanos,meus olhos pareciam querer saltitar para de encontro delas, queria poder tocar e me embriagar naquele vinho perverso cujo as uvas foram apanhadas  das videiras do paraíso . O fogo havia incendiado meu corpo,eu estava a arder de desejos,fiquei cego. Comecei a beijar aqueles dois cadáveres,a passar as minhas mãos rudes naquelas flores de jasmim,o perfume se exalou, o desejo me queimara a cada segundo, me veio uma idéia a mente, eu não podia acordá-las, iria ser um crime, resolvi despi-las e contemplar aqueles corpos nus sobre a luz do luar. Abri o vestido da Dama dos cabelos castanhos,cada centímetro do vestido que eu abrira mais desejo me despertara, ela estava ali nua feito Eva,aquela tez lisa e fria parecia com o  mármore de uma sepultura,seios que reluziam ouro, dois diamantes a reluzir e a fitar com meus desejos insanos,era impossível esculpir uma estátua com formas tão gloriosas, uma deusa a dormir  e a me despertar sonhos fascinantes de prazer e gozo.  Despi o segundo Anjo dos cabelos de fogo, aqueles lábios clamando por um beijo,era irresistível evitar... beijei-a  , meus lábios envolveram-na num frenesi de desejo, enquanto eu estava a tirar-lhe a roupa que suavemente tocou ao solo molhado de orvalho,um beijo envolvente que incendiara minha alma, aquele corpo nu exposto ao luar e aos meus desejos,pude tocar cada centímetro daquele corpo que era quente feito lava vulcânica,beijei-a dos pés a cabeça, fiz juras de amor à ela enquanto dormia, era tão bela quanto uma deusa grega. A dama dos Cabelos Castanhos havia acordado  e estava a observar tudo que eu estava a fazer com a moça dos cabelos vermelhos, eu percebera isso... mas não queria denunciar a Voyeur . Minhas mãos curiosas estavam a deslizar naquele corpo e eu beijava cada vez mais aqueles lábios vermelhos,tinham um sabor descomunal era o néctar do paraíso, doces feito mel, quanto mais eu os tocava, quanto mais eu os beijava, mais desejo eu tinha. Meu corpo estava quente,eu suava,meu coração saltitava. Senti então algo extremamente gelado tocar o meu ombro,mãos frias de fato... era ela a moça dos cabelos de ouro. Um toque frio estremeceu o meu corpo por inteiro,senti um calafrio a torturar minha alma,fiquei a fraquejar de medo,era muito frio,era muito intenso aquele toque, meus sentimentos se transformaram em uma dor intensa que mais parecia um punhal envenenado a cravar meu peito,o sangue escorria dentro de mim frio e sem destino,era o toque do Anjo Mórbido . Olhei aquelas mãos pálidas em meu ombro,tão frias,tão delicadas que pareciam desmanchar ao toque. Unhas negras e enormes,eram perfeitas garras afiadas,navalhas . Aquele toque causou impacto na minha alma,um toque me fez amar perdidamente e não havia saída. Senti o rosto dela se aproximando por traz de mim e aqueles dentes a cravar o meu pescoço, senti dor, senti prazer, aqueles lábios frios o meu sangue aqueceu, virei meu rosto para vê-la e me estremeci ainda mais , quando meus olhos fitaram os dela meu espírito parecia desaparecer , evaporar, éramos um só e eu nem a conhecia. Olhos extremamente verdes a me olhar assustadamente como se sentisse o mesmo que eu estava a sentir, ela não parecia entender e nem eu... mas queria descobrir. Aproximei meu rosto do dela para poder olhar a fundo aquelas duas esmeraldas verdes que estavam a me olhar. Eu estava morrendo a cada segundo,algo dentro de mim estava a me consumir, a me matar,sentia um fervor sem limites e tudo ao meu redor se tornou inútil, não queria nada alem dela, o universo poderia se fechar e engolir todo o resto,pra mim não faria diferença pois eu já tinha o universo bem na minha frente. Meus lábios tocou os dela,arrepiei-me,eram tão gélidos que chegava a doer, sentindo o sangue dos lábios dela escorrer na minha boca, sangue que ela tirara de meu pescoço. O beijo uniu nossas almas,estávamos juntos e parecíamos ter os mesmos pensamentos, era tudo tão frio e tão solitário e ao mesmo tempo mágico . Enquanto eu estava a beijá-la , ela delicadamente desabotoava minha camisa,que antes era branca,e agora tingia-se com meu sangue fervente , abriu-a . Deitei-me na sepultura desfalecido de prazer e vivido de sentimentos . O meu peito já estava a sangrar pois as unhas negras nele adentrou,o sangue escorria sem parar e ela a me morder a me sugar, aquilo me dava muito prazer, quanto mais sangue escorria mais desejo eu sentia. Uma vampira sedenta por sangue estava a me sugar. A outra dama levantou,estavam as duas se beijando e trocando caricias . Fiquei a observar! O desejo era tanto,minha vontade era de participar, A Dama dos cabelos de ouro e dos olhos de esmeralda me pegou pela mão, os 3 seres  da noite se beijando e se acariciando, cheios de malicias . Fiz amor com elas, meu corpo estava lavado por sangue, meu pescoço perfurado por presas, meu coração triturado por elas, ardia de amor. Fiquei a sentir aquela dama fria,pude adentrar aquelas entranhas que ferviam,por dentro era quente,por fora era gélida e vazia. Não demonstrava sentimentos,eu a queria e a tinha. A dama dos olhos de esmeralda amei, aqueles seios brancos eram nuvens do céu e ela a Anja que sempre desejei ter. Nossos corpos se unindo de prazer, se contorciam a ferver , ela deitada naquela sepultura e eu olhando aqueles olhos e aquecendo-a com meu corpo, fiz ela ter prazeres indescritíveis, gemia como os galhos das arvores ao bater do vento, se contorcia de dor e desejo, a paixão nos incendiou. Fizemos amor por uma noite inteira, uma noite divina que nem os deuses tiveram o prazer de ter. A outra Dama ficou a observar tudo ao longe, as vezes ficava a me morder,querer meu sangue... mas não podia ter. Pois era dela, da Dama dos olhos verdes.
      Eu não conseguia entender como um simples sonho poderia me abalar tanto, eu estava ofegante e fraco. Minha energia vital parecia ter sido sugada,era apenas um sonho... ao menos foi isso que pensei  antes de ver os meus lençóis manchados de sangue,o meu pescoço furado por presas,meu corpo arranhado por garras,e meu coração gemendo de saudades dela. Era real ou talvez não... pode ter sido o ópio, o vinho, a loucura, não sei  dizer! Mas daria a vida por 1 segundo junto da dama dos olhos verdes, apenas pra me provar que tudo foi real. Eu estava amando um ser que nem conhecia, meu coração gemia sem parar . Minhas noites dali pra frente se tornaram delírios. Sonhava com aquela Anja todas as noites, e quando acordava era a mesma tristeza. Ela existia, pois o primeiro encontro com ela foi real, meus lençóis estavam sujos de sangue, e meu pescoço furado, não era alucinação. Lógico que eu poderia ter brigado com alguém na rua e me ferido, ou talvez uma prostituta havia dormido comigo e me mordeu o pescoço, não me lembro do que procedeu naquela noite, só me lembro daqueles olhos verdes, daquela moça divina . Decidi então não gastar meu dinheiro com bebidas e nem com vadias que de nada vale, juntei tudo que tinha e fui a procura da Anja dos olhos verdes . Viajei por vários países, enfrentei muitos problemas,conheci muitas mulheres, com uma delas tive uma filha . O nome da mulher era Dayane, mas eu preferia chamá-la de Day. Conheci Day na Espanha, ela era dançarina. Bela, morena,olhos puxados, parecia uma índia . Cabelos longos e extremamente negros, seios grandes e quadril largo. Day costumava pintar os olhos com uma maquiagem negra, o lápis contornava perfeitamente aqueles belos olhos . Quando eu vi ela dançar eu sabia que aquela mulher iria fazer parte da minha vida. Fugi com Dayane, ela sabia atirar e adorava brigas. Começamos então a viver uma aventura juntos feito dois bandidos do faroeste . Passávamos de cidade em cidade colocando o terror em todos, tínhamos que conseguir dinheiro de algum modo e um desses modos era roubando. Muito sangue foi derramado na Espanha pela mira de meu revolver e pela ponta da espada de Day, muita riqueza conseguimos adquirir . Ouro, diamante, moedas de prata, tudo que há de mais valioso nós conseguimos. Estávamos a cada dia mais ricos. Dayane ficou grávida, a criança nasceu. Era forte, bonita, uma filha linda ganhei . Mas em meus sonhos eu não me esquecia da Anja dos olhos verdes, 5 anos havia se passado e todas as noites eu sonhava com ela. Dayane era aventureira e dona de uma beleza selvagem, tínhamos muito ouro e uma filha. Mas não era isso que eu queria, eu queria a Anja, era ela a dona do meu coração .
    A criança foi crescendo e logo aprendeu a atirar e a cavalgar. A garota estava beirando seus 13 anos e eu velho já estava com 32 . Eu Odiava a vida que eu tinha, eu só queria viver no mundo dos sonhos e esquecer toda aquela realidade cheia de mortes e carnificina . Dayane era selvagem em todos os sentidos, principalmente na cama. Foi a mulher mais quente que já passou pela minha vida, aqueles traços de espanhola, o tango o clima de aventura , tudo aquilo esquentava ainda mais nossa relação. Dayane era desejo, era paixão, era vontade . Aquela pele morena,aqueles seios selvagens e quentes , lábios carnudos , feições delicadas e nem um pouco rústicas, era uma boneca morena e muitos prazeres com ela tive . Não era o bastante, de nada valia ter noites delirantes ao lado dela, sentir desejos incalculáveis e viver aventuras indescritíveis sendo que o meu coração por ela nada sentia, a não ser paixão, mas o amor falava mais forte, o amor era da outra, da mulher que eu estava procurando .
     O tempo foi passando e a minha busca foi ficando cada vez mais impossível, eu não dava valor a nada ao meu redor, tudo que eu queria era poder ver novamente aquela vampira de meus sonhos, minha mulher notara essa minha angustia e acabou por me abandonar . Minha mulher e minha filha haviam me deixado, a razão do meu viver era morrer. Muitos anos se passaram, eu ainda estava a procura da moça dos meus sonhos , a vampira . Muito tempo se passou,..em um certo dia eu estava a andar pela praia, vi ao longe uma moça branca sentada na areia, seus pezinhos nus a beijar a água gelada do mar e seus olhos verdes fixos no horizonte como que se estivessem a procurar algo, um rosto molhado de lagrimas,parecia uma suicida . Era linda, era ela... a vampira . Fui correndo em direção à ela, a areia entrava em meus sapatos e meu cabelo voava com o vento, cheguei perto dela e me sentei bem do lado daquela incrível criatura. Ela me olhou e buscou em meus olhos o horizonte, passei minhas mãos na face dela, de modo a enxugar as lagrimas . Não pude me conter, eu tinha que saber se o meu sonho foi real ou não, então perguntei :
 __ Lembra-te de mim? Eu estava a sua procura durante anos, é você que eu amo. Posso parecer um louco se tu não se recorda, mas para mim tens muito significado.
 __ Me recordo de você, mas não sei bem onde te conheci .
 __ Recordas? Não tens culpa de não se lembrar por completo, estou muito diferente. Estou velho e apodrecido pelo tempo, meu rosto entristecido e coberto por esta barba ruiva. Te conheci no passado, eu ainda era novo e cheio de esperanças. Procurei você por muitos anos, e você continua jovem como antes, deves de ser uma vampira que suga o sangue dos jovens para se manter bela.
__ Estais a caçoar de mim? Eu? uma vampira?  - a garota respondeu sorrindo-
__ Talvez sejas uma vampira. Pois meu coração sangra a cada segundo perto de ti,meu sangue ferve,pulsa, sinto desejos... Eu estava a te procurar por muito tempo e agora te tenho perto.
__ Posso ser tua vampira !
    Essas palavras me despertaram perversão, eu pude ver que por detrás daqueles olhos angelicais havia um espírito perverso . Era ela a Anja de meus sonhos, um sonho vivo bem na minha frente. Mas de certo modo ela estava diferente. Estávamos a sóis numa praia praticamente deserta, o sol já estava se pondo e a noite chegando , a ocasião perfeita para um encontro lascivo .  Ela ao dizer aquelas palavras não encontrei em minha concepção outra coisa a não ser dar meu pescoço a ela. E foi o que fiz ! A Anja mordeu meu pescoço , beijou meus lábios e me deitou, minhas roupas já estavam a boiar na água do mar e meu corpo nu caído na areia da praia, encima de mim estava ela, mordendo meu corpo todo assim como fez no cemitério . Arranquei a roupa dela, seios lindos e rosados. Fizemos amor ali mesmo.
   Muitas tardes como esta se repetiram, todos os dias eu encontrava a anja na praia. Parecia um sonho, mas desta vez eu sabia que era realidade . Minha vida enfim estava sendo boa , eu estava com dinheiro e encontrava com a minha amada todas as tardes. Certa noite encontrei com Dayane e não pude resistir ao encanto dela, mesmo ela tendo me abandonado eu não consegui resistir, fiquei com Dayane e passei a me encontrar com ela também . Eu estava usufruindo dos dois elementos mais prazerosos para o egocentrismo humano, o amor e paixão . A paixão por Dayane e o amor pela Vampira . Nos tempos vagos eu caia na libertinagem a procura de alguma outra mulher que de nada soma na vida de um homem, que apenas satisfaz o prazer do momento . Dayane estava passando uns dias em minha casa, mas eu não deixei de me encontrar com a vampira e muito menos de cair na libertinagem da noite. Até que um dia a minha vida foi pro ralo e se afundou no esgoto de sempre, cheguei bêbado em casa, encontrei em minha cama o corpo de Dayane encharcado de sangue, o pescoço furado por presas , era a vampira ! A garota estava no canto do quarto, e chorava sem parar, me aproximei, ela então me disse:
 __ Não acredito na desgraça que cometi, a paixão me cegou ! Tudo que eu vi foi a cortina de fumaça do ciúme, adentrei o teu quarto e matei esta mulher . O meu espanto maior foi quando vi que a mulher que eu havia matado era a minha própria mãe . A espanhola Dayane, que desgraça cometi .
 Eu apavorado respondi :
__ Não se julgues culpada, eu sou o maior culpado.
__ Você ? porque? O que fizestes de mau ?
__ Ainda não viu? Sou o teu pai ! Perdão,perdão...
__ Não... não pode ser. O meu deus, o que me resta a não ser o suicídio?
   A garota atordoada com tudo que fez e que ouviu, ao ver que eu era o pai dela e ao matar a própria mãe por ciúmes, pegou  a arma que estava na cintura de Dayane e estourou os miolos . Mãe e filha, amor e paixão. Dois sentimentos mortos, eu covarde nem ao menos tentei me matar, fiquei aos pés da cama chorando a morte da minha mulher e da minha filha. Dois anjos caídos na cama ensangüentados. Sou mesmo um infeliz ! No passado amaldiçoei minha irmã e meu pai e depois amaldiçoei minha mulher e minha filha . “
__Com o passar do tempo,cheguei a conclusão de que o sonho que tive e a mulher que eu estava a sonhar era o diabo e que a intenção dele era de no futuro fazer com que eu me envolvesse com a minha própria filha . Sou um desgraçado por deus e pelo diabo, pelos santos, pelos homens e até mesmo pelos animais. Nada nem ninguém se compara a mim !
__ Tens de ter fé, nem tudo esta perdido. A vida é muito mais do que todo o teatro que se passa.
__ Não venhas me dizer em fé, ter fé em que? Salvação? Onde está o teu messias? O Diabo brincou com a minha vida por todo este tempo e nada interveio. Se existisse justiça divina deus não me deixaria  sofrer tantos tormentos .
__ E se a tua justiça for a salvação?
__ Não acredito na palavra justiça, tampouco na palavra salvação .
__ É que para acreditar em tais palavra precisas de outra, “fé” .
__ Olhe padre... Eu cometi erros e pecados imperdoáveis,verdadeiras atrocidades. Acredita mesmo que tenho salvação depois de tudo que te contei?
__ Todos tem salvação desde que a concepção de vida mude totalmente e a lição seja dada . O ser Humano vive para se redimir, seja pecando ou não. Tendo fé e atingindo o estado Maximo de redenção perante a deus é encontrada a libertação e o perdão . Conte-me como foi os seus últimos anos de vida ... depois de todas essas tragédias .
__ Pois bem, contarei .
    “ Eu estava tão perdido, cego ,nada mais me despertava prazer. A vida já não tinha sentido, nem mesmo beber me fazia esquecer, nada, nada me animava . Apenas via os dias passando diante de meus olhos. Eu tinha em consciência que minha alma estava perdida e que eu iria passar a eternidade ardendo . Foi ai que resolvi ao menos tentar evitar um pouco de sofrimento. Livros de ocultismo,magia negra, voodo, magias de invocação, eu tentava de tudo para me comunicar novamente com aquele homem que roubou minha alma no passado, queria renegociar . Certa noite eu estava lendo um livro chamado “ unções de Frederich Corvus” , um ensaio satanista em que tinha vários rituais de invocação, desenhei no chão do meu quarto uma estrela, coloquei uma vela preta em cada ponta da estrela, no centro do pentagrama queimei uma folha da bíblia molhada com o meu sangue . As palavras foram saindo da minha boca, invocando o Anjo caído, saiam num idioma desconhecido por mim e eu não conseguia parar, entrei em convulsão estrebuchando no chão , meus olhos viraram, meu coração parou de bater. Eu havia morrido. Do teto do meu quarto pude enxergar meu corpo revirado, meus olhos brancos cadavéricos e em minha boca derramava uma escuma esverdeada, meu espírito despregou do teto e caiu no centro da estrela. Não havia corpo físico naquele centro, eu estava apenas como um telespectador observando tudo ao meu redor, não conseguia me mover para fora da estrela, foi ai que o meu corpo se levantou. Como eu poderia estar me levantando sendo que meu espírito estava fora do meu corpo? Era o demônio dentro do corpo, e eu não podia fazer nada, a não ser observar tudo :
__ Queria falar comigo, estou aqui ! O que deseja falar?
__ Preciso negociar com você, não quero sofrer por toda a eternidade, faço tudo o que quiser.
__Sua alma está condenada para o pior dos desígnios,mas podes mudar teu destino, basta ser meu servo na terra e no inferno.
__ Estou pronto para te servir.
__ Terás de praticar o mau . Aprenderá as magias ocultas. Vá até o cemitério da cidade amanhã e espere um homem que irá te procurar e te dar as instruções, você vai ser meu servo na terra e no inferno. Ao invés de ser torturado irá torturar. Está de bom tamanho pra ti? Mas lembre-se ,faça o mau acima de tudo aqui na terra. Se tudo der certo, irá ser meu soldado no inferno e lutará junto a mim castigando as outras almas.
__ Estou pronto para ser o seu servo por toda a eternidade .
    Meu corpo bateu no chão desfalecido o estrondo despertou minha alma, abri os olhos e voltei a vida . Fiquei atordoado com tudo o que havia acontecido, aquele espetáculo era real demais para ser mentira. No dia seguinte fui até o cemitério, um homem se aproximou de mim, vestia uma roupa de monge,o rosto branco talhado por diversas cicatrizes, a pele parecia estar apodrecida, ele fedia, mais parecia um cadáver em decomposição, ele trazia nas mãos um livro negro e na cintura carregava um punhal .
__ Está pronto para ser o servo do demônio?
__ É pra isso que vim até aqui.
__ Estenda seu braço e me dê teu pulso .
    O velho monge segurou meu braço, a circulação sanguínea se prendeu. Molhou as pontas dos dedos na língua e passou saliva no pulso, balbuciou algumas palavras estranhas e logo aposto fez um corte com o punhal, o sangue escorreu e molhou a terra do cemitério. O velho então disse :
__ Agora és o servo. Irá aprender as magias ocultas na terra e vai praticar todo o mau possível .
    Depois do ocorrido eu passei a fazer parte de um grupo oculto, 5 anos da minha vida de pura maldição e carnificina . O grupo ficava a maior parte do tempo na floresta. O Grupo praticava alquimia, ocultimos, tinham conhecimentos medicinais que aprenderam com os índios, conheciam cada planta, faziam poções, os rituais de sacrifício geralmente eram feitos com seres humanos, mulheres viagens eram mortas para oferenda ao Deus maior . Praticávamos canibalismo como forma de sobrevivência atacando outras tribos de índios. Após dominar uma aldeia as mulheres eram tidas como escravas, as crianças para a refeição, e os homens eram exterminados . Nas noites de festejo sempre havia um corpo a ser torturado, alguma moça pura estrupada até a morte , usávamos as pessoas, praticávamos o mau acima de tudo e qualquer coisa . A vida era terrível, o inferno era na terra e tudo o que é de ruim praticamos . 5 anos se passaram, eu havia me tornado especialista nas magias ocultas, sabia torturar um ser das piores formas possíveis, tinha conhecimentos medicinais e era capaz de curar qualquer doença ou criar qualquer doença, sabia quais eram os venenos fatais. Eu me tornei um ser do mau, uma arma que seria usada pelo diabo. Fui treinado durante 5 anos para ser um servo durante toda uma eternidade, a missão estava completa. O grã maior “ o senhor que treinava os soldados do mau para servir o diabo nas torturas do inferno” me disse:
__ A missão acabou, você passou 5 anos sendo treinado para servir o demônio e agora esta pronto para isso, é isto que vai fazer por toda a eternidade . Você tem mais 5 anos para viver, depois irá morrer e servir ao diabo. Coma isto que está na tigela, o câncer vai se instalar no teu corpo e morrerá após 5 anos quando todas as tuas vísceras estiverem corroídas .
 “ Na tigela havia ervas, órgãos humanos,feto abortado, sangue, álcool “ Comi toda aquela porcaria, dormi. Ao acordar eu estava nesta casa em que estou hoje, e teria de passar o vim dos meus dias aqui. Desde então estou sendo corroído por dentro,apodrecendo a cada dia. Este é meu ultimo ano de vida, vim confessar tudo isto à você padre, é esta a minha história .
__ Mas você quer se salvar e ir para o paraíso? Pra que confessou tudo isso sendo que já está pré destinado a ser servo do mau?
__ Padre,eu senti a necessidade de me confessar, ao menos falar pela primeira e ultima vez na vida com deus. Busquei em toda a minha vida soluções com o lado do mau e nunca fui para o lado do bem, queria ao menos uma vez tentar, mesmo sabendo que não irei conseguir,pois o inferno é meu lugar é pra lá que devo ir . Confesso tudo, mesmo sabendo que neste mundo não há como me salvar, irei queimar e torturar os imundos vermes . O livre arbítrio não existe, estamos aqui para jogar este jogo imundo em que as apostas são as nossas vidas, fazer o bem ou o mau não importa, no fim todos queimam. Adeus aos meus amigos que deixei na terra, adeus as mulheres que amei e que me amam, adeus aos que gostavam de mim, me perdoem por eu ter partido, . , Cometi muitos pecados  e sei que não existe salvação pra mim ,mas queria confessar ao menos pra desatar este nó do meu peito . . .
__ és uma criatura de deus, passo em seus olhos esse óleo sagrado, dou a você a extrema unção dos mortos, te arrependes dos seus pecados e a misericórdia divina irá padecer sobre vós, que tua alma descanse em paz e que siga o caminho . Por essa santa unção e por sua grande misericórdia,deus te perdoe tudo que fizeste de mal pela vista . Passo este óleo em tuas narinas, por essa santa unção e por sua grande misericódia,deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelo olfato . Passo este óleo em seus ouvidos,por essa santa unção e por sua grande misericódia,deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelo ouvido . Passo este óleo em tua boca, por essa santa unção e por sua grande misericódia,deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelo gosto e palavras. Passo este óleo nas mãos, por essa santa unção e por sua grande misericódia,deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelo tato. Passo este óleo nós pés, por essa santa unção e por sua grande misericódia,deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelos passos  . Que a misericórdia de cristo esteja com você e que encontre seu caminho no vale das almas.